A anatomia é o estudo da
forma e da constituição do corpo, pré-requisito indispensável para o estudo da
fisiologia dos órgãos. Seu estudo compreende tanto a evolução do indivíduo desde a
fase de zigoto até a velhice (ontogenia), como o desenvolvimento de uma estrutura no
reino animal (filogenia).
A unidade fundamental do corpo
é a célula. A união de diversas células de mesma função dá origem aos tecidos. A
união de diversos tecidos origina os órgãos, que por sua vez originam os sistemas.
TECIDO FUNÇÃO
epitelial |
revestimento |
conjuntivo |
preenchimento |
muscular |
movimentação |
nervoso |
integração |
A anatomia macroscópica pode ser estudada de duas formas: (1) anatomia sistemática ou descritiva, que estuda os vários sistemas separadamente e (2) anatomia topográfica ou cirúrgica, que estuda todas as estruturas de uma região e suas relações entre si.
ORIGEM EMBRIOLÓGICA
Quanto à origem, os órgãos podem ser classificados em homólogos ou análogos. Diz-se que dois órgãos são homólogos quando possuem a mesma origem embriológica mas diferentes funções, como, por exemplo, os membros superiores do homem e as asas dos pássaros. A analogia, por sua vez, acontece quando dois órgãos tem funções semelhantes e diferentes origens embriológicas, como ocorre com os pulmões humanos e as guelras dos peixes.
MÉTODOS DE ESTUDO
1. inspeção: analisando através da visão. A análise pode ser
de órgãos externos (ectoscopia) ou internos (endoscopia);
2. palpação: analisando através do tato é possível verificar a pulsação, os
tendões musculares e as saliências ósseas, dentre outras coisas;
3. percussão: através de batimentos digitais na superfície corporal podemos
produzir sons audíveis, que ajudam a determinar a composição de órgãos ou estruturas
(gases, líquidos ou sólidos);
4. ausculta: ouvindo determinados órgãos em funcionamento (Ex.: coração,
pulmão, intestino);
5. mensuração: permite a avaliação da simetria corporal e de eventuais
megalias;
6. dissecção: consiste na separação minuciosa dos diferentes órgãos para uma
melhor visualização;
7. métodos de estudo por imagem: inclui o raioX, ecografia, ressonância nuclear
magnética e tomografia computadorizada.
DENOMINAÇÃO SISTEMA ESTUDADO
estesiologia |
sensorial |
neuroanatomia |
nervoso |
esplancnologia |
visceral |
osteologia |
ósseo |
miologia |
muscular |
artrologia |
articular |
angiologia |
vascular |
TIPOS DE ASSIMETRIA
Os órgãos pares pode ser assimétricos quanto à forma ou quanto à posição.
ASSIMETRIA EXEMPLOS
forma |
o pulmão direito possui 3 lobos;o esquerdo apenas 2 |
posição |
o rim direito é mais baixo que o esquerdo |
Embriologicamente, os órgãos ímpares são ditos anormais quando possuem distúrbios de crescimento ou de deslocamento. Os distúrbios de deslocamento (distopias) podem ser melhor compreendidos visualizando os seguintes exemplos:
A B
C
D
*se um órgão, ao se deslocar de B para D, parar em C, temos uma transposição.
Exemplo: criptorquidia (descida incompleta do testículo);
*se um órgão, ao se deslocar de B para D, for para A, temos uma inversão.
Exemplo: situs inversus totalis.
VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAIS
Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem ser descritas:
1. idade: os testículos no feto estão situados na cavidade
abdominal, migrando para a bolsa escrotal e nela se localizando durante a vida adulta;
2. sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita principal-mente na região
tricipital, enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal;
3. raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda
vértebra lombar, enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a
segunda e a terceira vértebra lombar;
4. tipo morfológico constitucional: é o principal fator das diferenças
morfológicas. Os principais tipos são:
4.a- longilíneo: indivíduo alto e esguio,
com pescoço, tórax e membros longos. Nessas pessoas o estômago
geralmente
é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente;
4.b- brevilíneo: indivíduo baixo com
pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras costumam estar
dispostas mais
horizontalmente;
4.c- mediolíneo: características
intermediárias.
A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças, como por exemplo a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos.
PLANOS ANATÔMICOS
O corpo humano é dividido por três eixos imaginários:
1. o eixo vertical ou longitudinal,
que une a cabeça aos pés, classificado como heteropolar;
2. o eixo de profundidade ou ântero-posterior, que une o ventre ao dorso,
classificado como heteropolar;
3. o eixo de largura ou transversal, que une o lado direito ao lado esquerdo,
classificado como homopolar.
No momento em que projetamos um eixo sobre outro temos um plano. Existem quatro planos principais:
1. o plano sagital, formado pelo deslocamento do eixo
ântero-posterior ao longo do eixo longitudinal;
2. o plano sagital mediano, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao
longo do eixo longitudinal na linha mediana, dividindo o corpo em duas metades
aparentemente simétricas, denominadas antímeros;
3. o plano transversal ou horizontal, formado pelo deslocamento do eixo de largura
ao longo do eixo ântero-posterior. Uma série sucessiva de planos transversais divide o
corpo em segmentos denominados metâmeros;
4. o plano frontal ou coronal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao
longo do eixo longitudinal, dividindo o corpo em porções chamadas de paquímeros.
TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA
Inferior ou caudal: mais próximo dos pés;
Superior ou cranial: mais próximo da cabeça;
Anterior ou ventral: mais próximo do ventre;
Posterior ou dorsal: mais próximo do dorso;
Proximal: mais próximo do ponto de origem;
Distal: mais afastado do ponto de origem;
Medial: mais próximo do plano sagital mediano;
Lateral: mais afastado do plano sagital mediano;
Superficial: mais próximo da pele;
Profundo: mais afastado da pele;
Homolateral ou ipsilateral: do mesmo lado do corpo;
Contra-lateral: do lado oposto do corpo;
Holotopia: localização geral de um órgão no organismo. Ex.: o fígado está
localizado no abdômen;
Sintopia: relação de vizinhança. Ex.: o estômago está abaixo do diafragma, a
direita do baço e a esquerda do fígado;
Esqueletopia: relação com esqueleto. Ex.: coração atrás do esterno e da
terceira, quarta e quinta costelas;
Idiotopia: relação entre as partes de um mesmo órgão. Ex.: ventrículo esquerdo
adiante e abaixo do átrio esquerdo.