O ciclo reprodutor feminino é chamado
comumente de ciclo menstrual. Ele é o resultado da atuação de diversos fatores
(externos, hormonais,etc) englobando a ação de múltiplas glândulas.
Mensalmente o hipotálamo - uma coleção de células cerebrais especializadas - libera
um hormônio que vai atuar na porção anterior da hipófise, dita adeno-hipófise.
A hipófise reage produzindo o Hormônio Folículo Estimulante (FSH) que atua nos ovários
estimulando grupos de células - folículos - a se desenvolverem .
Estes folículos passam a produzir hormônio estrógeno que atua a nível uterino ,
fazendo com que o endométrio começe a crescer , a proliferar.
Esta parte do ciclo menstrual é dita fase proliferativa
O estrógeno atua também a nivel de colo de útero que passa a produzir o muco cervical.
Apesar de vários folículos começarem a se desenvolver, apenas um chega à plena
maturidade. Os outros, depois de um curto tempo de atividade, involuem sofrendo um
processo de cicatrização.
Neste meio tempo a quantidade de estrôgeno alcança níveis elevados, o que inibe a
secreção por parte da hipófise do FSH e faz que ocorra a liberação de outro hormônio
hipofisário - Hormônio Luteinizante (LH).
Este hormônio alcança rapidamente uma concetração sanguínea máxima (pico) o que
influencia o foliculo ovariano , fazendo que após 12 hs ocorra a ruptura e a liberação
do óvulo, que se encontra no seu interior.
Quando o óvulo deixa o folículo, as células restantes transformam-se em uma estrutura
amarela chamada de corpo lúteo, que passa a produzir progesterona além do estrógeno.
A progesterona atua fortemente no útero fazendo com que as glândulas que proliferaram na
fase anterior parem de crescer e começem a secretar substâncias nutritivas, preparando o
útero para a fixação do ovo. Além disto atua no cérvix uterino alterando as
características do muco cervical, que se torna mais fluido.
Este muco que, na fase anterior, apresentava morfologia microscópica em rede, dispõem as
suas fibrasparalelamente para permitir a movimentação e ascenção dos
espermatozóides. Esta fase é dita secretória
O estrógeno e a progesterona circulantes atuam no eixo hipotalâmico-hipofisário
inibindo a secreção de seus hormônios.
Mensalmente as mulheres produzem 1 óvulo em 1 dos 2 ovários, este óvulo é então
expelido do ovário e captado pela trompa, que o conduz em direção ao útero.
O óvulo apresenta uma vida de aproximadamente 48 horas.
Se, neste período, ocorrer relação sexual, os espermatozóides que são produzidos
pelos testículos , em número variavel de 100-500 milhões, inciam uma louca
corrida em direção ao óvulo.
Após atravessarem ambientes inóspitos - a acidez vaginal e o terrível
útero - apenas 300 à 500 espermatozóides chegam vivos as trompas.
Lá , um apenas consegue perfurar a membrana ovular e o seu núcleo funde-se ao do óvulo,
dando início a uma nova Vida e a célula resultante do processo é chamada de célula
Ovo.
A célula ovo é dita viva, pois apresenta as seguintes propriedades:
potencialidade: No seu interior através dos cromossomas esta projetado todo o corpo do homem. Desde o seu sexo até a sua cor. Cada órgão esta minuciosamente preparado; |
sensibilidade: O ovo sente. Se puncionado tenta, por movimento amebóide, escapar da agressão. |
Memória: Desde os momentos próximos da fecundação, por mecanismos ainda desconhecidos é capaz de armazenar informações. Uma das provas disto é o fenômeno da regressão, através dele pessoas sob hipnose podem lembrar de fatos ocorridos instantes após a fecundação... |
Curiosidades
· Um homem pode ejacular em cada relação 100 - 500 milhões de espermatozóides.
Portanto um único homem tem o potencial de engravidar todas as mulheres do Brasil.
· Teoricamente o fator limatante da fecundação é a mulher. Pois ela produz um único
óvulo mensal, com vida de 48 horas. No restante do período ela é infertil.
· A corrida dos espermatozoides até o útero equivale a uma distancia de ida e volta a
SP (aprox. 160 km) e o mesmo a percorre em 15 segundos!!!
O ovo inicia suas divisões na trompa enquanto é conduzido por movimentos ciliares da
tuba para o útero.
Lá chega por volta do sexto dia, quando perfura o endométrio uterino e começa a
aninhar-se lá, em latim este processo é dito Nidação.
O endométrio que havia proliferado e começado a secretar pela influência dos hormônios
ovarianos (inicialmente estrógeno e posteriormente estrógeno e progesterona) mantêm-se
graças agora aos hormônios produzidos pelo própio ovo, que está na fase de mórula
(aglomerado de células).
Um fato interessante é que o embrião humano apresenta-se sexualmente indiferenciado
até por volta da 4ª semana, quando possui 12-13 mm de comprimento. Neste momento começa
a se formar a crista genital precursora dos genitais.
Por volta da 6ª semana as células germinativas migram para o local das futuras gônadas.
Elas se originam da parede do intestino primitivo.
As características sexuais externas diferenciam-se após a 13-14ª semana. Até então o
feto apresenta características sexuais femininas com vulva e clitóris primitivo.
Se o feto possuir cromossomas sexuais XY começa a produzir testosterona e ocorre o
desenvolvimento dos genitais externos masculinos.
Podemos dizer portanto que todos nós até esta fase fomos mulheres. Posteriormente se o
feto for feminino ocorre acentuação dos caracteres femininos, com desenvolvimento do
clítoris internamente.
Nada existe de mais poderoso do que o fluxo menstrual. Mulheres menstruadas tornam o
leite azedo e as sementes estéreis; enxertos caem, plantas murcham , frutos tombam das
árvores. O olhar delas faz o espelho opaco, cega as lâminas, tira o brilho do marfim. As
abelas abandonarão as colméias tocadas por uma mulher menstruada; com seu toque elas
tornam o linho preto.
Plinio, o Velho (23 - 79 - História Natural)
Se não ocorrer a fertilização do óvulo este morre e se desintegra.
O ovário para de produzir os seus hormônios.
O folículo que ovulou regride cicatrizando-se.
Mas, a mais importante alteração nota-se a nível de endométrio. Lá, ocorre
inicialmente uma intensa constricção dos vasos endometriais, o que ocasiona necrose do
endométrio e coagulação do sangue retido nestes vasos.
Posteriormente as paredes vasculares e endomentrias enfraquecidas descamam e são
expelidas pelo colo do útero no processo chamado de menstruação.
Poeticamente podemos afirmar que a menstruação é o Útero que chora um ovo não
fecundado.
Na verdade a menstruação é a frustração do ciclo reprodutor.
Atualmente, a idade da primeira menstruação (menarca) se dá entre os 10 -12 anos, a
idade do climatério encontra-se entre 50 - 55 anos e o número médio de filhos e 1-2,
concluindo-se que uma mulher menstrua em média 40 anos.
Porém, se analisarmos as mulheres do século passado veremos que a menarca se dava por
volta dos 18 anos, com uma expectativa média de vida de 40 anos (1850) e um número
médio de filhos entre 4-5, concluimos que as mulheres ficam menstruados bem menos tempo.
Baseados nesses dados o professor Elsimar Coutinho, ginecologista, conclui que a
menstruação é um fenômeno recente na vida da mulher e que muito provavelmente as
mulheres pre-históricas ficavam muito raramente menstruadas , permanecendo sem
menstruação (amenorreia) a maior parte da sua vida.
O Dr. Elsimar propõe como fisológico a suspensão da menstruação através de uso de
hormônios orais de maneira contínua, o que inclusive evitaria diversas doenças, tais
como a endometriose e a tensão pré-menstrual.
O ciclo reprodutor apresenta controle através do hipotâlamo pela secreção ou não
de substâncias chamadas de fatores de liberação / inibição dos hormônios
hipofisários.
Estudos modernos demonstram que a liberação dos hormônios hipotalâmicos (na verdade
são ditos fatores de liberação) sofrem forte influência de fatores externos, tais como
: estado alimentar, stress, temperatura.
Estas influências explicam fatos muito conhecidos como a ausência de menstruação sem
gravidez que ocorre em adolescentes quando estão inseguras quanto ao parceiro são
devidos a atuação do sistema limbico (parte do encéfalo relacionada com as emoções)
ou então a anovulação crônica que mulheres judias apresentavam em campos de
concentração nazistas quando submetidas a desnutrição intensa.
A queda dos hormônios ovarianos estimula o hipotalamo que novamente estimula a hipófise
a produzir FSH e LH e novo ciclo é iniciado.
Este ciclo hipotalâmico-hipofisário-ovariano-endometrial inicia-se na puberdade (quando
ocorre o amadurecimento do hipotâlamo) e dura até a menopausa, quando os ovários não
possuem mais folículos para amadurecer e consequentemente se tornam não responsivos aos
hormônios do eixo hipotâlao-hipófise.
Portanto notamos que em uma mulher sexualmente ativa o ciclo menstrual é regido pelos
seguintes fatores:
· meio ambiente (stress, alimentação):
· hipotâlamo (fatores de liberação/inibição);
· hipófise (FSH e LH);
· ovario (estrógeno e progesterona);
· embrião (através de seus hormônios)