Regulação da P.A.

 

Bem, o 1º grau ou fase 1 não tem nenhum sinal de alteração orgânica, então não toca. Examina o corpo, examina o coração e não tem sinais de alteração, só a pressão está elevada.

Próximo slide: no 2º grau ou fase 2 nós vamos notar, agora, hipertrofia do ventrículo esquerdo, então eu vou aferir a pressão e eu encontro aumento do ventrículo esquerdo, ou por raio X ou por eco (cardiograma), ou determinados meios elétricos. Bem, eu vou observar estreitamento local pouco generalizado das artérias retinianas. Vejam bem, se você quer ser um bom Cardiologista, não é só você ter uma bom estetoscópio e uma bom tensiômetro, é preciso você ter alguns equipamentos caros que ajudam o diagnóstico. Um desses aparelhos é chamado oftalmoscópio. Então, se você vir um bom Cardiologista, você verá que ele vai fazer exames de fundo de olho, pois o nosso olho, a retina é o espelho do sistema circulatório. É o único lugar do nosso corpo humano que você pode observar diretamente o calibre de um vaso, de uma artéria. Então um bom Cardiologista está acostumado a usar a fundoscopia, não só o Oftalmologista. Ele dilata a pupila e olha diretamente o calibre dos vasos. Eu vou mostrar a vocês um estreitamento focal nas artérias retinianas. Depois, quando a PA já subiu, eu vou ter proteinúria, observado na fase 3. O rim não deixa passar as proteínas plasmáticas, a albumina, globulinas pelos capilares glomerulares, pois essas proteínas têm elevado peso molecular (e diâmetro também). Mas quando a PA aumenta, essa pressão nos capilares glomerulares permite a filtração de proteínas, e deixa-as passar para a urina. Então em pessoas hipertensas, um dos sinais é que a urina tem mais espuma, devido a presença de albumina, e nota a semelhança daquela espuma feita com batida da clara do ovo, quando se faz bolo. O paciente que tem hipertensão se queixa de espuma na urina.

Próximo slide: Agora, na fase 3, além da pessoa ter pressão elevada ele vai apresentar insuficiência. Na fase 2 ele tinha hipertrofia, na fase 3 ele vai ter insuficiência, ele pode ter dor de cabeça ou pode ter hemorragia cerebral. Tudo pode devido a pressão elevada, e no fundo do olho, que só havia estreitamento das artérias retinianas, agora pode apresentar edema, hemorragias. A retina, você vai ver que vai ficar encharcada de sangue e vai, devido a transudação das proteínas, formar como que umas bolinhas de algodão.

Próximo: aqui está o fundo do olho do paciente. Nós temos uma artéria que é mais fina e aqui temos uma veia. O estreitamento focal que nós vimos é aqui, onde uma artéria cruza uma veia. Ela começa a estreitar mais, a artéria.

Próximo: Veja o que se quer num indivíduo na fase 2, você tem aqui o disco óptico, veja a artéria, esses são os resultados da hemorragia. Veja a diferença da retina para esse paciente aqui que é normal. Depois de algum tempo de sangue extravasado produz depósito de ferro na retina, hemossiderina. Você ver aqui, preto, preto, preto. Quando você leva uma pancada, primeiramente fica vermelho, depois vai ficando roxo, meio que preto, é o depósito de ferro. Com o tempo a mancha desaparece porque os glóbulos brancos as retiram.

Próximo: Bem, agora nós vamos entrar na regulação da PA. Falei no início da aula que a regulação da PA ela está classificada: regulação a curto prazo e regulação a longo prazo. Esse slide foi tirado do Margarida, mas foi bolado pelo Guyton. Eu disse que existem diferentes sistemas que regulam nossa PA. Antes de discutir esse slide eu queria explicar a vocês. O sistema que regula, ele pode regular a curto prazo e a longo prazo. Carlos Eduardo, tu és de que cidade? "Ele responde": Timbaúba... Ele é da cidade do couro e do calçado, mas está usando um tênis. Ele é muito querido meu porque a mão dele foi a minha primeira monitora... e que monitora... Oooohhhh... Bem, o Carlos mora em Recife num apartamento com os irmãos e a mão lhes manda dinheiro. Ele me disse que não tinha nenhuma namorada... Então alguma coisa aconteceu e ele ligou para sua mãe e disse: "Mamãe, aconteceu uma emergência e eu gastei dinheiro a mais, eu preciso que você me mande mais um pouco de grana, preciso que você me mande 100 reais." Aí a mãe, querendo ajudar o seu (?nosso?) filhinho querido manda depositar 200 reais no banco. Esse é um caso... Agora vamos supor que Pai (xangô) estava andando no Shopping e encontrou uma blusa que estava na promoção e quis comprar para sua namorada. Mas o dinheiro não era suficiente e ele teve que pedir 100 reais ao seu pai (oxalá), e o pai pensou: "Ora, quando eu estava no Recife morando com ele eu não gastava tanto dinheiro assim..." Então o pai mandou 99 reais para Pai. Então vejam dois casos de sistema de correção econômico: Num caso (o de Timbaúba) você eleva (mais que o necessário) e depois normaliza sua economia. No outro caso (o de Pai), a pressão baixa e o organismo regula, vai corrigindo, corrigindo até atingir seu valor normal. Então temos aqui dois casos. Por exemplo, vamos ver o pressorreceptores. Quando cai a PA, o sistema pressorreceptor não eleva a pressão até o normal, ele eleva mais do que o normal e depois vai oscilando até que normaliza. Quando cai a pressão, temos outro sistema de regulação que é o rim, que através do sistema chamado renina-angiotensina-aldosterona, pouco a pouco vai elevando a pressão, que estava baixa, até atingir o valor normal. Eu não elevo além do valor normal. Então são dois sistemas. Quem tem mais ganho? Sem dúvida é o sistema barorreceptor. O que é o ganho pra mim? Ganho é quanto eu dou e quanto eu recebo de volta, depois de algum momento. Então se eu duplico o dinheiro que eu apliquei eu ganho 100%. Se eu perco, recebo menos do que eu apliquei eu tenho perda. Então quando você considera os sistemas de regulação você tem que pensar: quando eu perco e o sistema eleva, qual é o ganho que aquele sistema me fez? Então com isso vamos agora discutir os sistemas que controlam sua pressão.

Então temos aqui os sistemas mais rápidos, agem em cerca de segundos. Se tem queda de pressão, este sistema já está corrigindo, são sistemas a curto prazo. São três: você tem um que é o sistema resposta isquêmica do SNC. É aquele que têm mais ganho, que ocorre num instante. O primeiro que entra em ação é o sistema barorreceptor, baro ou pressorreceptor. São os sistemas que estão regulando. Então primeiro é o sistema barorreceptor, ele não tem tanto ganho. O segundo, a resposta isquêmica, tem mais ganho. O terceiro é através de quimiorreceptores. Então esses são os sistemas a curto prazo. Agora vamos ver sistemas a longo prazo. São vários, mais o mais importante é o sistema renina-angiotensina-aldosterona. Visto os sistemas que regulam vamos analisar agora o sistema barorreceptor. Esse sistema também é conhecido como regulação nervosa de pressão arterial. Então é sistema baro, pressorreceptor e também pode ser chamado de sistema neural, por quê? Porque existe a participação do SN Autônomo. Como é esse sistema barorreceptor? Bem. Ao nível da árvore arterial temos certos pontos, certos sítios que tem sensores, que sentem o valor da pressão arterial. Eles são conhecidos como pressorreceptores. Agora mesmo, eles não são sensores que sentem a pressão mas eles são sensores que sentem a distensão. Então, vocês que tem cólica intestinal, os sensores não sentem a pressão na parede intestinal, os sensores sentem a distensão da musculatura lisa da parede intestinal que produz reflexo nervoso de dor. Então esses sensores são conhecidos como pressorreceptores, mas eles não são sensores de pressão, quer dizer pressão de bater sobre as células, mas sim a célula muscular quando ela distende ela provoca despolarização, provoca impulsos, e esses impulsos caminham. Os pressorreceptores ficam localizados em dois pontos importantes do seu corpo. Um fica na bifurcação da carótida. Então nessa bifurcação existe um abaulamento na parte de dentro do vaso e fora também que é conhecido como seio carotídeo. Então se eu abrir uma artéria carótida de qualquer animal ao nível da bifurcação eu vou ter esse abaulamento, que são células musculares diferenciadas. Não são células nervosas, vai ter células nervosas ali, mas são células musculares diferenciadas. Quando elas são distendidas elas despolarizam e vão mandar impulsos através de nervos existentes ali que vamos discutir em breve. Essas células pressorrecepto-ras são sensíveis a uma faixa de pressão que varia de 50mmHg até cerca de 200mmHg. Então essa é uma característica dos pressorreceptores, vimos localização e agora vamos ver características. Então se a pressão subir de 50 para 60 aquela célula despolariza. Se subir mais ainda não é aquela célula que vai despolarizar mais vezes, mais sim através de um recrutamento de células vizinhas que vão se despolarizar. Os pressorreceptores funcionam numa faixa de 50 a 200mmHg e aumentam os impulsos de acordo com o aumento de pressão dentro dessa faixa através de recrutamento. Essas células também tem outra característica, elas respondem melhor a variações bruscas de pressão. Outra característica é a adaptabilidade dessas células. Em hipertensos elas adaptam sua faixa de sensibilidade passando para 80 a 220mmHg, em vez de 50 a 200mmHg. E quando a hipertensão é corrigida essa faixa de pressão volta aos valores normais, os pressorreceptores readaptam-se.