Mutação Delta F508 em Heterozigotos Normais na População do Espírito Santo

 

A Fibrose Cística (FC) do pâncreas ou Mucoviscidose é uma doença genética grave, de herança autossômica recessiva. Sua incidência varia de acordo com a população analisada. Em geral, é de 1 para cada 2.000 nascidos vivos. A frequência de heterozigotos estimada é de 1/20 a 25 indivíduos normais. O gene da FC está localizado no cromossomo 7 banda q.3.1, possui 250.000 pares de bases e cerca de 27 exons. Várias mutações têm sido observadas ao longo do gene. A mutação mais frequente, a Delta F508, ocorre no exon 10 do gene da FC, levando a deleção de três pares de bases que resulta na ausência do aminoácido fenilalanina na posição 508 da cadeia polipeptídica. O presente trabalho tem como objetivo estimar a frequência de heterozigotos normais para a mutação Delta F508 na população do Espírito Santo. Para isto, foram estudados 328 indivíduos sendo, 98 brancos, 223 miscigenados e 7 negros. O DNA foi amplificado pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) e o produto analisado em gel de poliacrilamida. No grupo de miscigenados, foram detectados 3 indivíduos heterozigotos normais para a mutação Delta F508; 1 do sexo masculino com 51 anos e 2 do sexo feminino com 22,95 e 30,17 anos respectivamente. Ambos têm, entre outras, descendência portuguesa. Neste grupo a frequência desta mutação é de 1/74,3 indivíduos (CNPq/UFES).

 

Mutação Delta F508 em pacientes com Fibrose Cística em Vitória-ES

 

 

A Fibrose Cística (FC) do pâncreas ou Mucoviscidose é uma doença genética grave de herança autossômica recessiva, Sua incidências nos Estados Unidos e Europa é de 1/1.600 a 2.000 crianças nascidas vivas. Os sinais clínicos mais frequentes são íleo meconial (5%), infecções pulmonares, infecções frequentes de vias aéreas superiores (otites, sinusites, etc) e déficit pondero-estatural. A maioria dos pacientes apresenta insuficiência pancreática (85%), que causa problemas de má absorção de gorduras e má digestão de proteínas. Os afetados geralmente têm aumento de excreção de sódio e cloro que pode ser medido no suor, através de testes já padronizados. O gene da FC está localizado no cromossomo 7, banda q.3.1. O produto desse gene é uma proteína associada à membrana celular com 1.480 aminoácidos, denominada CFTR(Proteína Reguladora da Condutância Transmembrana em Fibrose Cística), que funciona como canal clorídrico na superfície da células epiteliais. Esta mutação leva à deleção molecular de três pares de bases (TTC) que codifica o aminoácido fenilalanina na posição 508 da cadeia polipeptídica. O presente trabalho tem como objetivo identificar a mutação DF508 em pacientes com FC, atendidos no Serviço de Aconselhamento Genético (SAG) do Departamento de Biologia/CEG/UFES. Os pacientes foram submetidos a exames clínico, iontoforese e de DNA. A iontoforese foi estimulada pela pilocarpina e o cloro dosado pelo método de Sharles & Sharles. O DNA foi amplificado pela técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase) e o produto submetido a eletroforese em gel de poliacrilamida 40% é fotografado sobre luz ultra-violeta. Foram estudados até o momento 20 pacientes com FC, com média de idade de 8,08 ± 8,49 anos. O valor médio de cloro encontrado foi de 110,57 ± 54,84 mEg/l. Destes, 14 (70%) apresentam a mutação DF508, sendo que 2 (14,28%) em homozigose e 12 (85,71%) em heterozigose. A média de cloro e de idade foram respectivamente 98,35 ± 46,37 mEg/l e 5,57 ± 5,6 anos. Em 18 pacientes foi possível analisar a função pancreática, destes, 17 (94,4%) têm insuficiência pancreática. A média de idade de diagnóstico foi de 2,39 ± 2,67 anos, sendo que a média de início dos sintomas foi de 0,97 ± 1,67 anos (CNPq/UFES).