Tuberculose


Introdução

A Tuberculose é uma doença crônica, infecto-contagiosa, produzida pelo Mycobacterium tuberculosis e que se caracteriza anátomo-patológicamente pela presença de granulomas e de necrose caseosa central, ainda representando um grande problema em Saúde Pública. Pode atingir todos os grupos etários, embora cerca de 85% dos casos ocorram em adultos e 90% em sua forma pulmonar. De cada 100 pessoas que se infectam com o bacilo, cerca de 10 a 20% adoecerão. Dados recentes do Ministério da Saúde indicam um aumento de sua incidência em todo o território nacional.

Transmissão

O contágio ocorre por via inalatória, a partir de aerossóis durante o ato da tosse, fala e espirro de pessoas eliminadoras de bacilos (bacilo de Koch). Os pacientes não bacilíferos e os que apresentam a forma extrapulmonar não oferecem risco significativo de contaminação. Os aerossóis ficam em suspensão no ar como gotículas microscópicas (chamadas de gotículas de Pflugge) e ao serem aspiradas por uma pessoa sã, ultrapassam os mecanismos de defesa da árvore respiratória vindo a se depositar nos alvéolos pulmonares onde então iniciará o processo patológico da doença. Fato de importância é que um paciente após 2 semanas de tratamento correto faz com que os bacilos perdam em infecciosidade e, praticamente não há mais risco de infecção. Outras vias de transmissão são também possíveis como a digestiva, cutânea e outras, mas são raras e não possuem importância epidemiológica.

O bacilo

A tuberculose humana é quase exclusivamente causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Essa micobactéria se caracteriza por ser álcool-ácido-resistente (BAAR) em colorações feitas no exame de escarro ou outros líquidos, possuindo taxa de crescimento lento, levando em média seu cultivo em laboratório, cerca de 6 semanas (cultura). Tem a capacidade de permanecer em estado de latência fisiológica durante longo tempo, assumindo o poder de parasitismo intracelular.

Alguns dados dos pacientes sujeitos a infecção

São mais susceptíveis a doença a raça negra, os extremos etários (infância e velhice), a má nutrição e a promiscuidade, profissionais de saúde e mineiros portadores de silicose, o alcoolismo, uso de medicamentos como corticóides, portadores de outras doenças como o diabetes, neoplasias (mais comumente os linfomas e a AIDS) e a sarcoidose.

Tuberculose de primo-infecção

Atinge os alvéolos onde em seguida se desenvolve uma reação inflamatória com adenopatia satélite, constituindo o que chamamos de complexo primário. Este complexo pode ter evolução abortiva e passar despercebido. Quando não evoluiu para a cura, pode ser desenvolvida reação intensa, formação de cavernas (por necrose do tecido pulmonar), disseminação através dos brônquios ou do sangue e acometimento da pleura. No Brasil a primoinfecção acontece na faixa etária até os 15 anos.

Tuberculose de reinfecção

Pode resultar de recrudescência da primo-infecção (endógena) ou por contágio atual com um paciente bacilífero (exógena).

Prevenção

A vacina BCG (bacilo de Calmette-Guérin) é obtida pela atenuação do bacilo tuberculoso, sendo capaz de induzir a resistência ao indivíduo sem transmitir a doença. É usado por via intradérmica não havendo contra-indicação absoluta a seu uso, exceto pela presença de eczema ou piodermite extensa. É feita no primeiro mes de vida fornecendo proteção duradoura em 80% dos casos. A lesão provocada pela vacina leva de 2 a 3 meses até sua cura definitiva, tendo como complicações raras abcesso, adenopatias volumosas (ínguas) e úlcera crônica.

Diagnóstico

Devem ser investigados os pacientes com tosse com ou sem expectoração persistente por mais de 3 semanas, emagrecimento, hemoptise (eliminação de sangue no escarro) e principalmente com história epidemiológica sugestiva da doença. Os exames usados na tentativa do diagnóstico de certeza são a baciloscopia do escarro, a radiologia do tórax, o teste tuberculínico (PPD) que evidencia o contato prévio com o bacilo e a cultura do escarro ou outros líquidos em meio apropriado.

Diagnóstico diferencial

Deve ser feito com a tuberculose residual inativa, a paracoccidioidomicose, o carcinoma brônquico, a sarcoidose, a histoplasmose, a aspergilose o abcesso pulmonar e alguns tipos de pneumonia.

Tuberculose Extrapulmonar

As formas extra-pulmomares mais frequentes da doença são a pleural (que ocorre por ruptura de pequenos focos pulmonares subpleurais) - 45%, a linfática - 15%, a gênito-urinária - 16%, a miliar (disseminação por ruptura de lesão dentro de um vaso sanguíneo com disseminação dos bacilos por todo organismo) - 10% e a osteo-articular - 7%. A forma extra-pulmonar representa cerca de 18% do total de casos notificados.

Tratamento

O tratamento é feito através de drogas, e é eficaz. Hoje em dia são usadas a rifampicina, isoniazida, pirazinamida, estreptomicina, etambutol, etionamida e outras. Estas drogas produzem diversos efeitos colaterais e desta forma o acompanhamento médico é imperativo. O esquema atualmente mais utilizado é o RIP (rifampicina, isoniazida e pirazinamida) num esquema de seis